Rejeição dos maus pensamentos
Todo pensamento voluntário – ou seja, consciente – que se opõe a Deus e ao homem deve ser radicalmente combatido.
Assim como no seguimento de Cristo evitamos toda má ação, mesmo que tenhamos que fazer violência a nós mesmos para não ceder à tentação, assim também devemos fazer com nossos pensamentos. De fato, os pensamentos geralmente precedem as ações e preparam o caminho para sua execução e realização. É por isso que devemos velar cuidadosamente sobre eles e rejeitar todo mau pensamento que surja. Consegue-se essa resistência invocando o Nome de Jesus, pedindo ajuda ao Espírito Santo ou por outros meios espirituais apropriados, a fim de afastar esses maus pensamentos. Desta forma, negamos-lhes nossa aprovação, nosso consentimento voluntário… E isto é decisivo!
Não é de forma alguma uma repressão daqueles pensamentos que, por exemplo, trazem à tona certos sentimentos ou conteúdos inconscientes ou semi-conscientes, que nos fazem ver as sombras que ainda habitam dentro de nós. Pelo contrário, a rejeição dos maus pensamentos é dada através da invocação do Nome do Senhor, para que Ele, através de Seu Espírito, os toque e os dissolva em nós. Assim, eles não estão sendo reprimidos, relegados ao inconsciente, onde poderiam continuar seu trabalho destrutivo sem serem detectados.
Agora, devemos ser capazes de distinguir entre um forte pensamento ruim que de repente me ataca, querendo exercer uma espécie de poder ditatorial sobre mim; e outro pensamento que, ao contrário, surge lentamente dentro de mim, como uma sedução ou um distúrbio. No primeiro caso, pode ser um ataque direto das forças do Mal. No segundo caso, por outro lado, geralmente é um pensamento que nasce de nosso coração, embora também seja possível que os dois elementos se misturem. Pode acontecer que pensamentos negativos surjam de meu próprio coração e que os poderes demoníacos se encarreguem de aumentá-los e torná-los um verdadeiro tormento. Por exemplo, pode ser construída toda uma torre de pensamentos intensos de auto-acusação, com os quais o demônio quer levar a pessoa ao desespero.
No primeiro caso, quando os maus pensamentos são ataques diretos do Mal, é necessário armar-se imediatamente com a Palavra de Deus, invocar o Nome do Senhor e até mesmo rezar uma oração de renúncia aos poderes do Mal. Se for tomada esta atitude determinada e disposta a lutar, a calma geralmente voltará depois de um tempo e a alma recuperará a paz interior. Através destas experiências, Deus nos ensina a importância de estarmos sempre vigilantes, e uma firme confiança em Sua força e presença cresce em nós.
No segundo caso, quando se trata de pensamentos que vêm de nosso próprio coração, a batalha é muitas vezes mais longa, pois não se trata apenas de uma resistência concreta a um mau pensamento, mas de voltar tudo dentro de nós permanentemente para Deus. A insistente invocação de Seu Nome tira o poder dos maus pensamentos e, ao mesmo tempo, nosso interior se torna mais e mais aberto ao Espírito Santo. Deus usa estas circunstâncias para purificar nosso coração e aumentar sua capacidade de amar.
Em ambas as formas de combate, só podemos ser vitoriosos se não dermos nosso consentimento aos maus pensamentos, se não dialogarmos ou negociarmos com eles, se não nos deixarmos seduzir por sua possível atração ou justificarmos seu conteúdo. Somente sob esta condição teremos a força necessária para lutar e superar estes pensamentos destrutivos no Senhor. Caso contrário, estaríamos enfraquecidos interiormente, pois talvez ainda possamos dar-lhes um consentimento secreto, o que nos impede de nos distanciarmos com suficiente determinação e de recorrer às armas espirituais apropriadas.
A luta pode tornar-se realmente encarniçada, dependendo da intensidade dos ataques demoníacos ou do quão profundamente enraizados estes pensamentos estão dentro de nós. Entretanto, a graça de Deus nos fortalece para o confronto e faz com que nossa vontade seja capaz de se afastar dos maus pensamentos e se voltar para Ele.
Nessas lutas não devemos desanimar, mesmo que nem sempre saiamos vitoriosos. Nas derrotas, podemos perceber onde esteve o erro e decidir estar mais vigilantes na próxima vez. Em nenhum caso podemos desistir! Se Deus nos permite enfrentar essas lutas, isso significa que Ele começou a nos conduzir por um caminho mais profundo. Neste contexto, vale mencionar que tais lutas não são apenas pela purificação e fortalecimento da própria alma, mas, além do pessoal, podem ter significados diferentes, que abordaremos em outra ocasião.
Amanhã continuaremos a desenvolver o tema da ascese dos pensamentos: O que fazer com esses pensamentos que não são diretamente pecaminosos, mas inúteis?