O amor de Deus nos corteja

Os 2,16.17b-18.20-22  

Assim fala o Senhor: “Eis que eu a vou seduzir, levando-a à solidão, onde lhe falarei ao coração; e ela aí responderá ao compromisso, como nos dias de sua juventude, nos dias da sua vinda da terra do Egito. Acontecerá nesse dia, diz o Senhor, que ela me chamará ‘Meu marido’, e não mais chamará ‘Meu Baal’. Eu te desposarei para sempre; eu te desposarei conforme as sanções da justiça e conforme as práticas da misericórdia. Eu te desposarei para manter fidelidade e tu conhecerás o Senhor”.  

 

Nos dias anteriores, ouvimos como Deus expressou seu amor por seu povo por meio do profeta Amós. Em suas promessas, a intenção original de Deus para seu povo ficou clara. 

Hoje encontramos um novo aspecto do amor de Deus, que é mostrado aqui em sua dimensão conjugal: Deus corteja seu povo, assim como um homem corteja sua amada. Esse terno amor de Deus por seu povo já podia ser experimentado na Antiga Aliança e se manifestou ainda mais claramente na vinda de Jesus ao mundo.  

Poderíamos expressar isso adequadamente nestes termos humanos: Deus nunca se cansa de cortejar Seu povo! Toda a infidelidade de seu povo não pode levá-lo a desistir de sua conquista. Essa é a realidade que nos dá esperança, com a qual sempre podemos contar e que está pronta para se mostrar a nós em todos os momentos. 

A promessa que ouvimos hoje, continuando nessa linguagem, afirma que o povo está legitimamente comprometido com Deus e rompe seu relacionamento ilegítimo e infiel com Baal. Essa comparação é muito expressiva e, como católicos, não será difícil para nós entendermos. Sabemos que, enquanto houver um casamento validamente contraído, qualquer outro relacionamento que envolva especificamente atos conjugais é ilegítimo e, portanto, constitui uma quebra do pacto matrimonial. 

O mesmo se aplica à Igreja: ela está comprometida com o Senhor! Se a Igreja negligenciar a missão que lhe foi confiada e se aliar ao espírito do mundo, ela estará cometendo uma espécie de adultério espiritual. 

Deus, por outro lado, quer selar um pacto com seu povo, um pacto que abrange todas as criaturas. Deus promete presentes maravilhosos a Israel: o fim da guerra, o descanso, a segurança… As promessas do Senhor permanecem sempre válidas! Ele nunca abandonará o homem, nem no tempo nem na eternidade! 

Uma declaração particularmente bela nesse texto é quando Deus diz: “Eu os desposarei ao preço da retidão e da justiça”. Ele estabelece um “dote” para o legítimo noivado com seu povo: o preço é sua justiça e retidão, amor e misericórdia. 

O que se aplica a todo o povo também se aplica à alma do homem: quando ela se afasta do pecado e volta para Deus, ela entra no relacionamento legítimo da criatura com seu Criador. Enquanto a alma permanece no pecado, ou seja, no reino das trevas, ela vive em um relacionamento ilegítimo com Baal. Ela está cometendo adultério! Mas quando ela se converte e invoca Deus como seu Criador e Redentor, então a graça divina pode penetrar nela, trazendo-lhe todos os dons mencionados no texto de hoje. A guerra interior chega ao fim e a alma encontra descanso e segurança. Então Deus a adorna com Sua justiça e a veste com amor e misericórdia. Uma aliança eterna é selada; Deus se declara a favor de Sua noiva. 

Deus expressa seu amor por seu povo, ou seja, por nós, homens, de muitas maneiras. Em todos os momentos, ele quer que entendamos que esse seu amor nunca descansa e está sempre aguardando nossa resposta. E assim que essa resposta chega, o amor de Deus se torna um motivo para as pessoas celebrarem. Então, Deus pode cumprir seu desejo de nos salvar, e nós o chamamos pelo seu verdadeiro nome e reconhecemos cada vez mais seu grande amor por nós. 

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