Meditações sobre o Espírito Santo (2/14): “Criai em mim um coração puro”

Amado Espírito Santo, Vós que sois a luz eterna e pura, vinde e penetrais em nós, para que nada fique escondido diante de Vós; para que nenhuma sombra possa subsistir em nossas almas; para que as trevas recuem e tudo seja inflamado por Vosso amor. Despertai-nos de toda letargia e purificai nossos corações, para que eu possa amar como Deus ama, como Vós amais; para que Vós e eu estejamos unidos até o mais profundo em louvor à glória de Deus. 

“Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza” (Sal 50,12) 

Vós, amado Espírito Santo, sois “um Espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante, puro, claro, inofensivo, inclinado ao bem, agudo, livre, benéfico, benévolo, estável, seguro, livre de inquietação, que pode tudo, que cuida de tudo, que penetra em todos os espíritos, os inteligentes, os puros, os mais sutis” (Sb 7,22-23). 

Quando ouço todas essas descrições de vosso Ser, amado Espírito Santo, penso em meu pobre coração e vejo quantas preocupações desnecessárias ainda habitam nele, quão disperso e inconstante ele é, quão suscetível e com frequência tão duro, tão cego e egocêntrico… Não fosse eu saber que Vós estais sempre lá, e, embora sendo todo puro, Vós não vos poupardes a descer para entrar em mim e purificar-me, eu não saberia o que fazer comigo mesmo e com toda a minha escuridão, e terminaria sucumbindo ao meu próprio abismo. 

“Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza” (Sal 50,12) 

Vós não sois como eu! Tudo o que é escuro em meu coração não existe em Vós, porque Vós sois luz sem sombra e amor sem limites… Sabeis o que eu amo especialmente em Vós? Que lutais para me conquistar, e fazeis o mesmo com cada pessoa. Vós quereis atrair-me, pobre e impura criatura, para renovar-me e moldar-me à imagem de Deus. Vós nunca vos cansais nem diminui vosso amor! É por isso que confio mais em Vós do que em mim, mais do que em todas as outras pessoas, por mais bondosas que sejam, porque Vós penetrais em tudo e Vossa amizade é minha alegria. 

“Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza” (Sal 50,12) 

Mas, Espírito Santo amado, Vós também sois exigente, como é próprio do amor. Vós não quereis ser um convidado ocasional, que vem por um momento e depois não é mais atendido. Vós quereis me conquistar, para que eu não anseie por outra coisa que não seja viver à vossa luz. 

É por isso que Vós não me soltais mesmo quando adormeço espiritualmente, quando não me esforço o suficiente para trabalhar no meu coração, quando me negligencio, quando fecho os olhos às minhas imperfeições voluntárias, quando me entrego a pensamentos tolos e desnecessários, quando ofendo a castidade, quando encho meu coração de bens transitórios, quando não me domino e cedo às minhas más inclinações. 

Então Vós vindes para me advertir e me lembrar do bem imperecível, para me ensinar que não há pedra preciosa igual a Vós e que, em comparação com Vós, o ouro parece areia e a prata não é mais que lama. Então vós me lembrais de vosso amigo São Paulo, que considerava tudo como lixo a fim de ganhar Cristo (cf. Fil 3,8). 

“Ó meu Deus, criai em mim um coração puro, e renovai-me o espírito de firmeza” (Sal 50,12) 

E se eu ouço a Vós, Vós me colocais de pé novamente e todo o fascínio do mundo desaparece.   

“Na intimidade me ensinais sabedoria” (Sal 50,8), e me atraís ao silêncio para que eu possa ouvir-Vos. E então me enviais novamente para anunciar o infinito amor do Pai. 

Sabeis, Espírito Santo? Na realidade, nada mais quero do que ouvir-Vos. A quem iriamos, se Vós já viestes até nós? Partamos juntos, para que o mundo acredite e vossa luz brilhe em muitos corações e os purifique. Então, ó Espírito Santo, o Pentecostes do amor terá chegado.  

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