Viver em atitude vigilante

Mt 13,47-53 

Leitura correspondente à memória de São Jerônimo 

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”. Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali. 

 

O Fim dos Tempos chegará, mesmo que em nossa vida diária não estejamos muito conscientes disso. A sonolência espiritual que muitas vezes nos acompanha é um mal, pois se pensássemos mais em nosso fim pessoal (morte) ou no Fim dos Tempos, nosso nível de vigilância aumentaria muito. Também faz parte da prudência cristã refletirmos sobre nossas ações. As boas ações, que brotam de um coração devotado a Deus, serão recompensadas por seu amor. Mas, acima de tudo, devemos estar cientes das ações inúteis, que nos dispersam; e, mais ainda, das más ações, que nos julgam. 

A falta de vigilância é uma das grandes fraquezas humanas, tanto em termos de docilidade aos sussurros do Espírito Santo quanto em termos de lidar com as tentações e distrações que surgem em nosso caminho. Na realidade, a vida cristã deve ser uma formação diária na “escola” do Espírito Santo, que nos faz crescer e amadurecer. Isso pode parecer exigente em vista da rotina que muitas vezes marca nosso ritmo de vida. Mas podemos entender essa exigência se compreendermos que em tudo o que fazemos podemos servir ao Senhor (cf. 1Co 10,31). Se, ao acordar, dedicarmos nossos primeiros pensamentos a Ele e reservarmos um tempo para meditar em Sua Palavra e estar com Ele em oração silenciosa; se, a partir desse encontro matinal com Deus, encontrarmos o “fio condutor espiritual do dia”, ou seja, o que Ele preparou para aquele dia em particular, e se depois nos esforçarmos para fazer tudo por amor a Ele, então cresceremos constantemente em amor. 

Assim como o amor humano nos torna atentos à outra pessoa, o amor espiritual nos torna ainda mais atentos aos desejos de Deus e às necessidades das pessoas que nos foram confiadas. Essa vigilância nos tornará cada vez mais atentos aos estímulos do Espírito Santo, pois é Ele que realiza em nós a obra de santificação e é Ele que nos chama a cooperar na evangelização deste mundo. Ao estarmos cientes da presença do Espírito Santo em nós, aprenderemos a seguir melhor Seus sussurros e a não ignorar Suas advertências, que procuram nos preservar tanto do mal quanto da inutilidade. 

Essa orientação interior pode se tornar muito refinada, de modo que toda a nossa vida se concentre em Deus e despertemos cada vez mais para o amor. Se embarcarmos nesse caminho, já nesta vida poderemos separar o peixe ruim do peixe bom, com a ajuda dos santos anjos. Os peixes bons serão recolhidos pelo Senhor para a eternidade, enquanto os peixes ruins serão imersos no mar do Seu perdão. 

Um último ponto para meditarmos hoje: lembremo-nos em nossas orações daqueles que ainda não despertaram para o amor de Deus ou que o perderam novamente. Eles precisam muito de conversão, para que possam ser salvos pelo tribunal da misericórdia antes do dia do Juízo Final. 

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