O Senhor vem ao mundo como uma criança. Foi assim que Deus escolheu descer até nós para que o possamos compreender. Uma criança suscita alegria e amor, ternura e instinto de proteção. Ninguém tem medo de uma criança! Mesmo as pessoas que tendem a fechar-se são por vezes capazes de se abrir na presença de uma criança.
Uma criança é capaz de fazer sobressair o melhor de um homem.
Especialmente na sua primeira fase, a criança é como uma lembrança do paraíso, mostrando-nos a inocência original do homem, embora ele já carregue a herança do pecado original.
Mas o Senhor está isento da sombra do pecado! O Menino Divino é o mensageiro do céu. Nele, o céu vem até nós, o paraíso perdido torna-se visível… Podemos aproximar-nos dele sem medo e enchê-lo com a nossa ternura.
Não há trevas no Menino Divino, mas as trevas pairam sobre Ele. O rei Herodes, na sua sede de poder, enviou os seus carrascos para matar o Menino, para retirar o testemunho da doce presença de Deus. Certamente movido pelo mesmo espírito do mal que hoje incita os homens a matar as crianças por nascer, para aniquilar a presença especial de Deus manifestada nos pequeninos.
“E Jesus crescia em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e dos homens”. (Lc 2,52)
O Divino Infante passa pelo mesmo processo de desenvolvimento que Deus previu para toda a vida humana. O Verbo encarnado quis penetrar na vida humana em todos os seus aspectos, para santificar tudo.
Assim, o nascimento de Jesus deixa-nos uma mensagem importante para todos os homens: Deus quis manifestar-se na beleza, mas também na fraqueza de uma criança, quis abandonar-se nas nossas mãos! O Senhor não aparece como um soberano poderoso, que domina tudo com violência, mas vem como uma Criança em busca do nosso amor, despertando a ternura dos nossos corações como só um bebé pode fazer.
Deus não quer nos assustar, tal como não quer assustar o Menino de Belém. E este Menino, que mais tarde reconheceremos como o Cordeiro de Deus, permanece fiel à sua missão. Mesmo depois de adulto, continua a conquistar os corações dos homens pelo seu amor.
Até hoje, o Senhor continua a entregar-se nas nossas mãos através dos nossos vizinhos, em particular das crianças e dos que mais precisam da nossa ajuda. Crianças que ele colocou sob a nossa proteção especial:
“Quem escandalizar um destes pequeninos que crêem em mim, seria melhor que lhe pendurassem ao pescoço uma mó de moinho, daquelas que fazem mover um burro, e que fosse afogado nas profundezas do mar”. (Mt 18,6).
Além disso, exorta-nos a imitar a abertura de coração das crianças:
“Então chamou uma criança, colocou-a no meio dos três e disse: ‘Em verdade vos digo que, se não vos transformardes e não vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus’.” (Mt 18,3).
E o Senhor também se abandona nas mãos dos homens através da sua palavra e dos sacramentos: não é um soberano que apenas dá ordens e não se interessa pelos seus súbditos!
Deus confia-nos a maior das coisas: entrega-se a nós no Menino de Belém. O desejo mais profundo do seu coração é reconduzir a humanidade ao Reino do Pai.