Ef 3,4-19
Leitura correspondente à memória de São João Eudes
Por essa razão dobro os joelhos diante do Pai – de quem toma o nome toda família no céu e na terra –, para pedir-lhe que conceda, segundo a riqueza da sua glória, que vós sejais fortalecidos em poder pelo seu Espírito no homem interior, que Cristo habite pela fé em vossos corações e que sejais arraigados e fundados no amor. Assim tereis condições para compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus.
Repetidamente somos exortados como cristãos a assumir o lugar específico que Deus designou para nossas vidas. Uma das fontes que nos ajudará a não vacilar em nosso zelo apostólico é a Palavra de Deus.
Na leitura de hoje, São Paulo pede a Deus que, segundo a riqueza da sua glória, conceda à comunidade de Éfeso ser fortalecida em poder pelo seu Espírito. Precisamos disto como pré-requisito para dar testemunho de Cristo neste mundo e, particularmente, nestes tempos conturbados. A presença de Cristo deve crescer e para isso precisa ser nutrida e interiorizada cada vez mais. À medida que o amor cresce em nós, cresce também o nosso conhecimento de Cristo, pois o amor é a motivação para tudo o que Ele faz. E não se trata de um amor humano, mas do amor divino e sobrenatural que foi derramado em nossos corações pelo seu Espírito (Rm 5,5). É por isso que o relacionamento íntimo com o Espírito Santo é a chave para o crescimento espiritual.
Mas como podemos encontrar o Espírito Santo mais profundamente? Em primeiro lugar é preciso sempre invocar a sua presença. De fato, o Espírito Santo foi enviado aos nossos corações e, portanto, habita em nós. Ele está presente em nós como uma luz, que por um lado nos ajuda a descobrir a vontade de Deus, e por outro nos capacita a cumpri-la. Assim, a orientação interior do Espírito Santo pode se converter em algo natural e fundamental em nossa vida. Começamos a entender cada vez mais como Ele age.
É característico do Espírito Santo agir com muita delicadeza. Temos uma bela passagem no Antigo Testamento que mostra essa suavidade: “E Deus disse [a Elias]: ‘Sai e fica na montanha diante de Iahweh. E eis que Iahweh passou. Um grande e impetuoso furação fendia as montanhas e quebrava os rochedos diante de Iahweh, mas Iahweh não estava no furacão; e depois do furacão houve um terremoto, mas Iahweh não estava no terremoto; e depois do terremoto um fogo, mas Iahweh não estava no fogo; e depois do fogo o ruído de uma leve brisa. Quando Elias o ouviu, cobriu o rosto com o manto, saiu e pôs-se à entrada da gruta“. (1Reis 19,11-13a)
Portanto, o agir do Espírito em nosso interior é bem mais delicado, advertindo e revelando, em vez de nos arrebatar com barulhos e fortes experiências sensíveis. Sua influência se dirige mais ao nosso espírito do que à nossa natureza sensitiva. Nesse sentido, a ação do Espírito em nosso interior é diferente da que Ele realiza, por exemplo, por meio dos dons carismáticos. Neles o Espírito age sobre os sentidos e toca as emoções humanas, que sob sua influência se expressam, por exemplo, nos louvores.
Portanto, para percebermos a orientação interior do Espírito Santo precisamos mais do silêncio e, às vezes, da solidão; de um bom dom de discernimento e de uma percepção delicada para compreender como o Espírito nos instrui e nos fortalece e para nos familiarizarmos com o seu modo de agir.
A leitura de hoje nos convida a sermos plenificados com a plenitude de Deus para que “a Ele seja dada a glória na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações dos séculos dos séculos” (Ef 3,21). Somos chamados a viver para a glorificação de Deus e o Espírito Santo será nosso guia infalível!