Por ocasião da guerra atual na Ucrânia, gostaria de me referir hoje à “Oração para a verdadeira paz dos povos “, que acabamos de publicar como uma canção, para que muitas pessoas possam acessá-la (https://www.youtube.com/watch?v=vxJkLKPSTMg). Todos estão cordialmente convidados a rezar esta oração conosco!
A situação na Ucrânia e a ameaça de escalada desta guerra é uma questão que está agora muito presente, como uma “próxima praga” que se abateu sobre a humanidade. A “Oração para a verdadeira paz” tem tais “formas de violência injusta” em vista e, ao mesmo tempo, aponta para além desta situação concreta de perigo.
Para entender corretamente a ameaça atual ao mundo, é necessário lembrar repetidamente que nada acontece sem a permissão de Deus. Se agora vemos mais uma praga chegando, então ela terá a mesma causa que a praga em torno do coronavírus e as medidas tomadas contra ele: os homens não estão vivendo como Deus quer! Seu amor está sendo rejeitado de muitas maneiras e Seus mandamentos ignorados. Se observamos a história com os olhos da fé, podemos ver que Deus muitas vezes permitiu “pragas” para converter as pessoas. Este era o caso tanto no tempo da Antiga Aliança quanto no tempo da Nova Aliança. A Sagrada Escritura deixa isso claro em linguagem inequívoca: pragas e catástrofes, incluindo guerras, são freqüentemente a conseqüência do afastamento de Deus.
A “Oração para a verdadeira paz dos povos”, que cordialmente convidamos a rezar e difundir, surgiu (sob o lema “Quebrar a vara do violento”) em 2011 no Equador, onde os atos criminosos estavam se tornando cada vez mais freqüentes, o que também nos afetava como comunidade. Posteriormente, levamos esta oração ao México, onde foi ampliada e deu origem à versão que agora apresentamos a vocês. Ela inclui aspectos que ainda são válidos na praga de hoje. Antes de explicar cada uma de suas partes, vamos recitar esta oração:
“Amado Pai Celestial, cheios de confiança nos dirigimos a Vós, acreditando firmemente que Vós vireis em auxílio dos povos. Olhai para o sofrimento causado por tantas formas de violência injusta, e intervinde com o vosso poder para enfraquecer o maligno. Olhai a confusão anti-cristã que se espalha cada vez mais neste mundo, querendo influenciar até mesmo a Igreja. Iluminai-nos e fortalecei-nos com o vosso Espírito Santo, para que pelo vosso poder possamos resistir ao espírito do mal. Preservai o vosso rebanho em fidelidade a Vós e fazei-nos apóstolos do vosso amor paterno, para que todos os homens possam reconhecer e seguir o vosso Filho Jesus Cristo, Nosso Senhor”.
Na primeira parte, pedimos ” cheios de confiança” a intervenção de Deus em uma situação muito complexa. Referimo-nos à intervenção concreta e que o Pai Celestial abra caminhos para a paz. Somos movidos pela confiança de que nosso Deus é um Deus de paz. Com esta mesma confiança e com grande dor, trazemos a ele todo o sofrimento causado pela violência injusta, particularmente o das pessoas afetadas sem culpa própria. Pensemos, por exemplo, nas crianças que sofrem sob a guerra. A violência não é exercida por Deus; ela é exercida por pessoas concretas, por trás das quais geralmente está aquele que é “homicida desde o princípio” (Jo 8,44), perseguindo seus objetivos destrutivos.
Que Deus intervenha debilitando o Maligno e toda influência que leva ao mal! Este é o nosso apelo!
A segunda parte da oração refere-se à “confusão anticristã que se espalha cada vez mais neste mundo”, e que pode usar esta situação dolorosa na Ucrânia, bem como a crise do coronavírus, para promover o caos e realizar seus planos malignos. Não se pode descartar a possibilidade de que, num cenário de guerra crescente, apareça um anticristo – ou mesmo o “último Anticristo” predito nas Escrituras (cf. 2Ts 2,8-10) -, trazendo uma aparente solução para o conflito. Lamentavelmente, é de se temer que uma Igreja debilitada de espírito não seja capaz de reconhecê-lo e, conseqüentemente, não nos advirta sobre ele, mas até mesmo coopere com ele.
A terceira parte da oração exorta os cristãos a oferecer uma resistência espiritual resoluta contra os poderes das trevas. Isto é o que somos chamados a fazer e não podemos eximir-nos disso, se não quisermos ser cegados pelos enganos de Lúcifer! Portanto, devemos resistir na força do Espírito Santo e no espírito de discernimento.
Ao mesmo tempo, imploramos ao Pai que nos preserve em fidelidade a Ele, para que, como apóstolos de Seu amor, possamos conduzir as pessoas a Cristo. Este é o ponto decisivo desta oração! Somente quando as pessoas se converterem é que haverá verdadeira paz. Para que isso aconteça, por sua vez, é necessária a proclamação autêntica do Evangelho, sem diluir a doutrina ou debilitar as exigências morais. Ninguém é ajudado se o sal da pregação for perdido (cf. Mt 5,13); pelo contrário, tudo se torna insípido, sem contornos, morno, de modo que corre o risco de o Senhor vomitá-lo de sua boca (Ap 3,16).
Um “flerte com o mundo” pode facilmente levar a uma “fornicação” espiritual.
Harpa Dei apresenta esta oração em sua própria forma suave de cantar, a fim de contrapor as forças destrutivas no homem com a mansidão do Cordeiro. Contudo, a intenção desta oração é que o próprio Senhor, que sai “como um vencedor para tornar a vencer” (Ap 6,2), enfrente Satanás e sua obra assassina. Portanto, aplicam-se aquí as palavras que São Miguel Arcanjo dirigiu ao diabo quando disputavam sobre o corpo de Moisés: “Que o próprio Senhor te repreenda!” (Jd 1,9).