O SILENCIOSO SÁBADO

“Se eu disser: ‘As trevas ao menos vão me envolver e a luz ao meu redor se fará noite’, nem mesmo as trevas são obscuras para ti, e a noite brilha como o dia; para ti as trevas são como a luz.” (Sal 138,11-12). 

Não há nada que não possa ser iluminado pela luz de Deus.  

O sábado silencioso que precede a Páscoa é marcado pela descida do Crucificado ao reino da morte, para trazer a Redenção àqueles que ainda não vivem plenamente na luz de Deus; aqueles que ainda precisam esperar que o Redentor venha até eles.  

Ninguém está excluído da graça da Redenção que nosso Pai Celestial oferece a todos os homens em Seu Filho. Nem aqueles que viveram antes de Jesus vir ao mundo, nem aqueles que nasceram depois. Somente aqueles que conscientemente rejeitam a Redenção que Cristo obteve para nós estão excluídos. Mas mesmo assim a luz de Deus não deixa de brilhar, o que, nesse caso, dará testemunho de Sua justiça. E essa também é uma luz brilhante!  

Podemos interpretar o mistério do “sábado silencioso” estendendo-o também ao nível pessoal: o Senhor desce ao “reino da morte” no interior do homem; lá onde há vazio e onde o perigo da falta de sentido e do abandono quer se espalhar! 

Se nosso Senhor exclamou da cruz as palavras do Salmo 22: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?”, podemos incluir em seu sofrimento a dimensão interior do “reino da morte”, pedindo-lhe que desça também às nossas últimas profundezas para iluminá-las com sua luz.  

Esse dia também – como todos os outros dias – está envolto na luz graciosa de nosso Pai, mesmo que o Santo Sacrifício da Missa não seja oferecido nele. Se acolhermos silenciosamente a luz do Sábado Santo dentro de nós, permitindo que ela toque nossas profundezas, nossas almas estarão preparadas para a alegria da Ressurreição de Nosso Senhor, aquela alegria que nunca cessará.