“O Senhor reconstrói Jerusalém, reúne os deportados de Israel” (Sl 146,2).
Este versículo do Salmo 146 pode não só ser aplicado à realidade histórica e visível da Cidade Santa, como também ser interpretado em sentido espiritual, como é próprio da Palavra de Deus. Olhemos para Jerusalém, a cidade predileta do nosso Pai: quantas vezes foi destruída ao longo da história! Depois de o Filho de Deus ter vindo até ela, desejando reunir os seus filhos sob as suas asas (cf. Lc 13, 34), os seus habitantes não reconheceram o momento da graça (cf. Lc 19, 44) e foram novamente destruídos, aniquilados e exilados. Até o Templo foi destruído!
Comparemos agora Jerusalém, a cidade do Senhor, com a alma dos homens, onde o Pai deseja construir o seu Templo. Quantas vezes destruímos, pelo pecado e pelo afastamento de Deus, a cidade santa que o Senhor deseja edificar em nós por meio da graça! Quantas vezes deixamos entrar na nossa alma o inimigo, que vem roubar os seus tesouros, capturar as suas forças e destruir o templo que nela existe! Quantas vezes ignoramos os avisos interiores que o Senhor nos dirige e não lhes damos atenção!
Mas quantas vezes o nosso Pai Celestial reconstrói a nossa Jerusalém interior e resgata a alma do exílio, da destruição, da rede do caçador e dos enganos que a confundiram! Quantas vezes Ele perdoa os pecados que nos oprimem e nos afastam d’Ele! Quantas vezes nos liberta dos ídolos!
Com infinito esforço, o nosso Pai quer fazer-nos entender que é o seu amor que “cura os corações quebrantados e as suas feridas” (Sl 146, 3). Com que ternura e de quantas maneiras Ele nos declara repetidamente o seu amor na mensagem à Irmã Eugénia, para derreter a camada de gelo que envolve o nosso coração!
Não, o nosso Pai não desiste, mesmo quando nós próprios já desistimos e entregamos a nossa Jerusalém interior nas mãos dos inimigos. É a sua cidade santa, onde o seu Filho deu a vida por todos os homens. Por isso, o nosso Pai continuará a cortejá-la com um amor incessante até que os exilados regressem à sua pátria eterna.