O Bom Pastor e Suas ovelhas

Jo 10,11-18

Leitura correspondente à memória de São Carlos Borromeo

Naquele tempo, disse Jesus: “Eu sou o bom-pastor. O bom-pastor expõe a sua vida pelas ovelhas. O mercenário, porém, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, quando vê que o lobo vem vindo, abandona as ovelhas e foge; o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenário, porém, foge, porque é mercenário e não se importa com as ovelhas.

Eu sou o bom-pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor. O Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou de mim mesmo e tenho o poder de a dar, como tenho o poder de a reassumir. Tal é a ordem que recebi de meu Pai.”

 

Embora seja verdade que nós, homens, devemos cooperar com a graça de Deus, a nossa parte será sempre a menor. Por que, o que seria das ovelhas sem o Bom Pastor? Seriam caça dos lobos, pois são inferiores a eles e não têm os mesmos meios de defesa contra aqueles que as atacam. As ovelhas não se disfarçam!

Mas elas têm o Bom Pastor, que não sai de seu lado e sob cuja proteção estão sempre! Isto porque a comitiva do Cordeiro – aqueles a quem Ele chama de “meus” – pertencem a Deus no amor. Entregaram toda a sua vida a Ele porque conhecem o coração de seu Senhor. Pertencem a Deus, não no sentido de um bem terreno, do qual se pode dispor como se queira, mas no sentido de plena confiança e prontidão absoluta para fazer a vontade do Pai. E Deus cuida para torná-los dignos de Seu amor!

A entrega a Deus é a resposta que a Sua graça produz em nós. O Espírito Santo nos revela o amor de Deus cada vez mais, tornando-o claro para nós e permeando-nos com ele. Quem pode resistir a esse amor quando ele bate à nossa porta, manifestando-se cada vez mais a nós?

Nosso Pastor – e também todo o bom pastor que segue seu exemplo – dá a Sua vida por Suas ovelhas. Somos mais importantes para Ele do que Sua própria vida! Se se metem conosco, se metem com “a maçã de Seus olhos”, Seu coração, Seu amor… Ele confronta o lobo e o afasta, e prefere deixar-se matar ao invés de renunciar à proteção de Suas ovelhas.

O Senhor reconhece que o lobo quer nos dispersar e despedaçar, para logo nos matar. Da mesma forma, todo bom pastor deveria reconhecer os lobos. No entanto, os lobos às vezes se disfarçam de ovelhas ou, no pior dos casos, até se fazem passar por pastores. Se faz necessário um dom especial de discernimento de espíritos para distinguir a luz da penumbra e da escuridão.

Recordemos o quanto o Senhor repreendeu claramente os escribas e fariseus do seu tempo, chamando-os de “cegos guias de cegos” (cf. Mt 15,14). Eles eram os líderes religiosos do povo e, não obstante, fecharam o acesso ao Reino de Deus:

“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o Reino dos Céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar”. (Mt 23,13)

Neste momento também precisamos urgentemente do Bom Pastor – do próprio Jesus, que protege os Seus contra os lobos e a confusão.

Nestes tempos de uma crise que ainda não foi superada, precisamos de uma guia e orientação claras. Deus permitiu que a chamada “pandemia” chamasse tanto o mundo quanto a Igreja à conversão. Se trata de uma repreensão e, portanto, uma indicação de Deus para nos fazer voltar ao caminho certo ou para encontrar o caminho certo.

Portanto, somente podemos dar ouvidos àquelas vozes que indiquem este vínculo claramente e nos exortem a tomar as medidas correspondentes. Todo o mais só gera névoa, que pode ser usada pelos lobos para continuarem dispersando o rebanho sem serem detectados.

O mundo deve deixar de infringir os mandamentos de Deus. A Igreja, por sua vez, deve cumprir a sua missão de proclamar Jesus a todas as nações, sem reservas, como o único Salvador da humanidade, conduzindo os homens, assim, ao verdadeiro culto a Deus, sem idolatria e confusão. Se ela não fizer isso e se fundir com o mundo, se tornará cada vez mais numa instituição mundana, que por sua vez poderá se tornar facilmente numa marionete dos poderes anticristãos, e assim levar a perder as chaves do Reino dos Céus.

Não nos deixemos enganar por ninguém! A Palavra de Deus é clara, assim como é, também, a doutrina e a Tradição da Igreja.

As outras ovelhas que não são deste aprisco, mas que o Senhor também quer conduzir e que escutem a Sua voz, estão esperando por esta proclamação autêntica. Esta proclamação deve ser clara, para que as pessoas recebam “águas cristalinas” do Trono do Cordeiro (cf. Ap 22,1), e assim serem levadas aos pastos onde o Bom Pastor as alimenta e protege.

Mais vale um pequeno rebanho “que acompanha o Cordeiro por onde quer que vá” (Ap 14,4), do que uma Igreja que se envolve com o mundo e perde sua força espiritual.

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