ITINERÁRIO QUARESMAL | Dia 35: “Seguir o Cristo em tempos anticristãos (V)”

Resistência Espiritual à ameaça anticristã

Em nosso itinerário rumo à grande Festa da Ressurreição de Nosso Senhor, temos lidado com a grave ameaça dos poderes anticristãos. Eles até penetraram na nossa Igreja, buscando desintegrá-la e enfraquecê-la a partir de dentro, para que perca o seu testemunho claro e inequívoco e não mais seja capaz de dar a verdadeira orientação aos homens. Quanto mais a Igreja adota o “aroma deste mundo”, menos reflete a face de seu Esposo Divino.

 

Um dos graves ataques à Santa Igreja que mina a sua identidade própria, são as crescentes restrições ao rito tradicional da Santa Missa. Ao invés de encorajar este rito que é amado por um número considerável de fiéis, como o fez o Papa Bento XVI durante seu Pontificado, o oposto está acontecendo atualmente. Alguns clérigos e fiéis, que veem uma grande injustiça nestas restrições, provavelmente optarão pela clandestinidade a fim de escapar do ataque a este grande tesouro e para preservar a continuação deste rito.

Como nós, fiéis, podemos nos defender e oferecer resistência de forma apropriada aos ataques que obscurecem a face da nossa Igreja?

Sinalizarei a seguir quatro pontos aos quais devemos nos agarrar e nos alicerçar nesta luta:

  1. Para que não caiamos nas seduções anticristãs, é importante manter a sã doutrina da Igreja (ortodoxia) e a práxis que dela deriva (ortopraxia). O Apóstolo São Paulo chega ao ponto de dizer que mesmo se um anjo do céu nos anuncie um evangelho diferente, não devemos acreditar nele (cf. Gl 1,8). A Igreja Católica tem uma doutrina clara e sem ambiguidades! Graças infinitas sejam dadas a Deus por isso! Esta doutrina pode, certamente, ser compreendida com profundidade e precisão crescentes; mas jamais pode evoluir de tal forma que se contradiga a si mesma. Não devemos dar ouvidos a ninguém que não transmita a “água cristalina” da sã doutrina, ou que a ponha em dúvida, a relativize ou queira transformá-la em objeto de debate. Fecharmos nossos ouvidos às fábulas contra as quais São Paulo nos adverte (cf. 2 Tim 4, 3-4) já é um ato de resistência, pois assim não damos espaço para que o erro se espalhe.

 

  1. O ensinamento moral da Igreja não mudou! O pecado ainda é pecado e não pode ser apresentado como se não fosse grave. A verdadeira misericórdia não significa em relativizar o pecado, mas ajudar o outro a sair de uma situação desordenada para que a sua vida corresponda à vontade de Deus objetivamente. Para isso precisamos de muita paciência e de evitar a rigidez. Não obstante, a misericórdia nunca será misericórdia se deixarmos que as pessoas simplesmente permaneçam na sua vida desordenada, ou, pior ainda, se as validarmos nesse modo de viver. Isso seria induzi-las ao erro e a ir contra a sua vocação transcendente de viver como verdadeiros filhos de Deus. Os atos homossexuais, o adultério, a sexualidade fora do casamento, a masturbação, etc. ainda são pecados mesmo que o mundo diga o contrário – inclusive bispos e sacerdotes que estejam em erro. A Santa Comunhão só pode ser recebida em estado de graça. Quem não puder ajudar as pessoas diretamente nessa ou naquela situação crítica, sempre poderá recorrer à oração e oferecer sacrifícios…

 

  1. A missão da Igreja tampouco mudou! O mandato de Nosso Senhor Jesus Cristo de anunciar o Evangelho a todos os povos (cf. Mt 28,19-20) ainda está em vigência, pois ninguém pode se salvar sem Ele. “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (cf. Jo 14,6). Todo diálogo e ecumenismo só serão autênticos na medida em que este mandato missionário seja cumprido. O objetivo missionário não pode ser apenas que o muçulmano se torne um muçulmano melhor e o hindu um hindu melhor; mas que todos se encontrem com esse Deus que enviou Seu Filho ao mundo para salvá-los (cf. Jo 3,16). Isso não pode ser mudado por ninguém! Por nenhum bispo e nem pelo Papa! Nenhuma criatura pode mudar isso! Um diálogo que perca isso de vista induz ao erro.

 

  1. O caminho da santidade também não mudou! Em primeira instância, trata-se de aceitar o amor de Deus e corresponder a ele; de entrar numa relação íntima com o Senhor e cultivá-la… Para isso Deus nos deu a Sua Palavra, a oração, os sacramentos e muitas outras ajudas….

O amor de Deus está em primeiro lugar e o amor autêntico ao próximo brota dele! Todas as outras questões devem estar subordinadas a esta hierarquia de valores. Não é a melhoria do mundo que deve ocupar o primeiro lugar na missão da Igreja; mas sim o amor de Deus manifestado em Nosso Senhor Jesus Cristo e a salvação das almas.

“Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lhes manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles,” diz o Senhor (Jo 17,26).

Aquele que vivendo em estado de graça se agarra firmemente a estes quatro pilares sem ser enganado – a sã doutrina da Igreja, seu ensinamento moral, o mandato missionário e o caminho da santidade – já está equipado com uma armadura sólida para resistir às forças anticristãs e não se deixar cegar.

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