ITINERÁRIO QUARESMAL | Dia 19: “Sobre a oração”

Ontem falamos sobre a importância de um ritmo habitual de oração. Se isto se tornar uma regra para nós, também teremos construído um refúgio para nos proteger das tentações mundanas que querem nos afastar do que é essencial e nos arrastar para o superficial. 

A vida de oração também está voltada para o crescimento espiritual. Isto significa que a comunhão com Deus cresce e se torna mais natural, familiar e fecunda; mas é necessário que façamos a nossa parte para cultivar a vida de oração, cooperando com a graça de Deus. A preguiça muitas vezes é um obstáculo, e às vezes surgem, inclusive, pensamentos equivocados que questionam o significado da oração e outras coisas desse gênero… 

Não devemos de maneira nenhuma nos deixar levar por tais pensamentos (ver neste contexto a palestra sobre “Como lidar com os pensamentos”: https://www.youtube.com/watch?v=BGuDTPCWXxk). 

A oração é como o ar espiritual que respiramos para que a vida da graça possa ser implantada em nós. Assim como a nível fisiológico não nos perguntamos se respiramos ou não, mas simplesmente o fazemos; assim deve ser também com a nossa decisão pela oração: simplesmente a fazermos. 

Entretanto, devemos ter em mente neste contexto as palavras do Senhor: “Este povo me honra com seus lábios, mas seu coração está longe de mim” (Mc 7,6). Isto quer dizer que a nossa oração não deve assumir um caráter mecânico ou mesmo mágico, mas que o coração deve estar sempre presente. Encontramos nosso Pai amado na oração: O ouvimos, falamos com Ele, repetimos as palavras da Sagrada Escritura… 

Mesmo que nem sempre tenhamos sentimentos agradáveis e piedosos, nunca devemos negligenciar a oração. Justamente quando temos dificuldade podemos mostrar ao Senhor a nossa fidelidade dedicando-lhe tempo em oração. Não podemos confiar muito em nossos sentimentos, que são tão voláteis, mas devemos confiar na graça de Deus e na decisão de nossa própria vontade. 

Além das orações prescritas, é sempre importante cultivar a oração pessoal, ou seja, a oração na qual simplesmente abrimos o nosso coração ao Senhor e falamos com Ele, O escutamos e permanecemos perto Dele. 

É recomendável haver um equilíbrio entre as várias formas de oração. Aqui enumeramos as seguintes: 

A oração vocal, que são as orações prescritas e as muitas intenções que colocamos diante do Senhor. 

A oração meditativa, que inclui a meditação da Sagrada Escritura e o Santo Rosário com a interiorização dos mistérios da salvação. 

A oração interior, como a oração do coração*, orações jaculatórias ou a invocação do Nome do Senhor. 

A oração litúrgica, que inclui a participação na Santa Missa dignamente celebrada, assim como a participação em certos ofícios da Liturgia das Horas da Igreja: por exemplo, Laudes ou Vésperas, ou outros mais curtos, como Terça, Sexta, Nona, Completas ou mesmo o Ofício a Deus Pai  (https://www.youtube.com/watch?v=M30xBHq-jZU). 

Certamente as pessoas que vivem no mundo e ali cumprem os seus deveres não podem ter um ritmo como o dos monges, cujo estilo de vida está completamente centrado na oração, conforme a máxima de São Bento: “Nada deve vir antes da oração”. Muitas vezes, sobretudo se são mães de uma família numerosa, terão que oferecer o seu trabalho ao Senhor como “oração ativa”. No entanto, é aconselhável que tentem cultivar a oração interior, que pode até continuar ressoando em seu coração em meio de suas várias tarefas. Esta oração do coração implica na repetição de uma determinada jaculatória: “Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus vivo, tem piedade de mim, pecador”. Com o passar do tempo poderemos chegar a interiorizá-la de tal forma que o Espírito Santo continuará a rezá-la em nosso interior, mesmo quando não estivermos fazendo isso conscientemente. 

Nem todo mundo terá tempo para praticá-la sistematicamente. Mas talvez se possa adotar a essência da oração do coração e invocar – ou mesmo cantar  –  o Nome de Jesus no coração repetidas vezes… 

Quem quiser saber mais sobre a oração poderá encontrar muitos livros sobre este tema. Também escrevi e falei sobre este assunto em várias ocasiões (veja, por exemplo, o livreto “Sobre a Oração”: http://es.elijamission.net/wp-content/uploads/2019/08/SOBRE-LA-ORACIÓN.pdf). 

Entretanto, estamos quase na metade do nosso itinerário quaresmal, que, a propósito, cobrirá um total de 39 dias antes de entrarmos na Semana Santa. 

É importante para mim repetir as várias etapas deste itinerário para que possamos interiorizá-las e seguir cada uma delas. Por isso terminamos a meditação de hoje recordando os tópicos que discutimos até agora: 

– O chamado à conversão 

– O jejum 

– Fazer tudo com o olhar fixo no Senhor 

– Serenidade na adversidade 

– Rejeição das tentações em Nome do Senhor 

– As obras de misericórdia 

– A Palavra de Deus 

– A penitência 

– A purificação do templo exterior e interior 

– A luta contra os vícios: gula, luxúria, avareza, ira, tristeza, acídia, vanglória e soberba 

– As virtudes: começando pela fortaleza e a prudência 

– Um ritmo habitual de oração 

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