O CAMINHO DO ADVENTO | Dia 16: “A vigilância”

“Como nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Homem. Pois assim como nos dias que antecederam o dilúvio as pessoas comiam, bebiam e casavam-se, até ao dia em que Noé entrou na arca e o dilúvio os surpreendeu a todos, arrastando-os, assim também será a vinda do Filho do homem. Então, dois homens estarão no campo: um será levado e o outro deixado; duas mulheres estarão a moer no moinho: uma será levada e a outra deixada. Estejam vigilantes, pois não sabem em que dia o vosso Senhor virá.

Compreendam bem: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, ficaria acordado e não deixaria que abrissem um buraco na sua casa. Por isso, estejam também vós preparados, porque, quando menos esperarem, virá o Filho do Homem” (Mt 24,37-44).

Se tivesse de escolher uma palavra que deveria estar entre os conceitos dominantes em relação à Segunda Vinda de Cristo, seria “vigilância”. A vigilância consiste em romper com a rotina e com o letargo que nos envolvem com tanta facilidade. A vigilância significa que a alma se concentra no que é essencial e vive no “kairos”.

De fato, o simples facto de a nossa vida terrena estar sujeita à morte deveria ensinar-nos a importância da vigilância. Se, graças à fé, compreendermos que, em comparação com a eternidade, esta vida é menos do que um piscar de olhos e que, na eternidade, a nossa proximidade com Deus dependerá da nossa correspondência ao seu amor neste mundo, então viveremos numa vigilância fecunda. Agora é o tempo em que podemos agir, agora é o tempo em que podemos “acumular tesouros no céu” (cf. Mt 6, 20), agora é o tempo em que, dia após dia, podemos demonstrar o nosso amor a Deus! Temos apenas esta vida, que nos foi confiada pelo Senhor, e n’Ele este tempo nos pertence!

A passagem evangélica que ouvimos no início desta meditação descreve como o homem se apega à vida natural. Esse apego é tão forte que nada consegue despertá-lo e levá-lo a compreender os sinais dos tempos. Nada o pode levar a perceber a verdadeira situação da vida e a responder-lhe de maneira adequada. Por isso, também não reconhecerá a vinda do Filho do Homem através dos sinais que a antecedem. O homem está totalmente desprevenido.

Existe uma vigilância defensiva que está alerta aos perigos que o ameaçam e que o leva a tomar as medidas necessárias para os prevenir: “Se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, ficaria acordado e não permitiria que abrissem um buraco na sua casa”.

No entanto, também existe uma forma de vigilância do amor: a das almas que aguardam o regresso do seu Senhor e trabalham com fervor na sua vinha. Nessas almas, o amor a Cristo já despertou e elas podem até acelerar a Sua vinda, como nos dá a entender o apóstolo São Pedro:

«Se todas estas coisas hão de ser destruídas desta forma, quanto mais deveis viver uma vida santa e piedosa, enquanto aguardais e acelerais a vinda do dia de Deus!» (2Pe 3,11-12).

No que diz respeito à vida espiritual, que adquire um dinamismo adicional através da espera consciente pelo Regresso do Senhor, ambas as atitudes de vigilância são importantes e complementares.

A vigilância do amor, que é sinal de que a presença do Espírito Santo está a crescer em nós, torna-nos muito atentos para captar até os desejos mais ínfimos do Senhor. Além disso, leva-nos a esforçarmo-nos conscientemente para cumprir com espírito de piedade as tarefas que o Senhor nos confiou na nossa vida (os deveres do estado).

Por outro lado, uma vigilância operada pelo Espírito de Deus também está ciente dos perigos que cercam o homem. A grande confiança em Deus, que cresce através do amor, não nos torna cegos. Não nos leva a uma atitude ingénua e imatura que não consegue avaliar as situações, mas permite-nos ver as coisas sob a perspectiva de Deus. Assim, a vigilância não é uma tensão temerosa nem uma supervalorização do mal, mas também não é um otimismo ingénuo de que “tudo vai correr bem”.

Quanto ao regresso do Senhor — que, como ouvimos, podemos até antecipar através do amor —, conhecemos os sinais que o antecederão. Eles já nos foram descritos com detalhes suficientes. O Senhor até nos aponta especificamente para que saibamos identificar quando a sua vinda é iminente.

Portanto, ao longo desta semana, devemos ouvir atentamente o que Jesus nos diz sobre o Seu Regresso e acolher tudo com vigilância, porque o Senhor está próximo.

 

Vem, Senhor Jesus, Maranatha!

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 Meditação sobre o evangelho do dia: https://es.elijamission.net/la-cuestion-de-la-autoridad-2/

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