ITINERÁRIO QUARESMAL | Dia 27: “Oração em tempos de perseguição”

Hoje voltamos ao tema da oração, desta vez a partir de uma outra perspectiva. Sem dúvida a oração serve, antes de tudo, para glorificar o Senhor e para que a alma seja inserida e permaneça em um “grande diálogo” com Ele.  

 Na oração litúrgica participamos das preces da Esposa (a Igreja) ao seu Esposo junto com todos os fiéis. O ponto culminante da oração litúrgica na Santa Missa é a nossa união ao sacrifício de Nosso Senhor na Cruz. Esta hierarquia deve ser sempre preservada e cultivada na vida de oração.  

 Depois temos, também, a oração meditativa, que nos serve para a interiorização; e – se Deus nos conceder – a oração contemplativa que Ele usa para atrair a alma mais profundamente a Si mesmo e adorná-la com seus dons.  

 Hoje gostaria de acrescentar que também existem orações que servem diretamente para afastar os poderes do mal. A mais conhecida é a oração a São Miguel Arcanjo, que é recitada no final da Missa Tradicional quando esta não é cantada. Conviria, se possível, que todos nós a incluíssemos em nosso cotidiano. Ela é uma arma contra os poderes das trevas que querem colocar obstáculos no nosso caminho de seguimento a Cristo, e também influenciar a Igreja e o mundo. Toda oração dita com fé enfraquecerá o poder do mal, e assim podemos lutar conscientemente ao lado do Arcanjo São Miguel para que o Senhor repreenda esses espíritos (Jd 1,9). 

 Em várias meditações anteriores aludi ao fato de que estamos em tempos de caráter apocalíptico. São tempos em que percebemos com cada vez mais clareza aquela potestade que “conspira contra o Senhor e seu Ungido” (Sl 2,2). A Igreja também está sob ataque, como disse o falecido Papa Bento XVI: “O maior inimigo da Igreja não está fora, mas dentro dela”. 

 Aos fiéis poderiam sobrevir-lhes perseguições que talvez mal consigam imaginar no momento, mas que na verdade já se fazem presentes e manifestas. Neste contexto, gostaria de me referir à importância da oração para que possamos permanecer firmes em tempos de perseguição. Precisamos nos munir de um “tesouro interior de orações”. Seria bom, por exemplo, saber de cor um ou dois salmos, aprender a praticar a oração do coração, saber rezar o terço interiormente, adquirir a oração de recolhimento, etc….  

 Digo isto porque não podemos descartar a possibilidade de que estaremos temporariamente impossibilitados de frequentar o culto público em tempos de crescente perseguição. Recordemos as medidas que foram tomadas após o coronavírus, que nos negaram o acesso ao culto por uma temporada. Não podemos excluir a possibilidade de que a perseguição aumente a tal ponto que – como aconteceu na história e continua acontecendo em certas partes do mundo – seja proibido possuir ou ler a Bíblia, outros livros de oração, etc…E se a maldade satânica se estender ainda mais poderá se manifestar também no fato de que tudo o que dê testemunho de Deus seja visto com desconfiança e combatido. 

 É por isso que precisamos de uma espécie de “cela interior” ou, para colocar nos termos de Santa Teresa, aquele “pequeno céu” ao qual podemos sempre nos recolher – e cultivar o diálogo com Deus sem que ninguém o perceba. Em outras palavras, precisamos construir um “templo interior” aonde possamos adorar o Senhor e conversar intimamente com Ele.  

 Seria prudente já colocarmos isto em prática, porque por um lado nos ajudará a aprofundar a nossa vida espiritual, e por outro nos treinará desde agora para poder continuar a nossa prática religiosa em situações de perseguição. Desta fonte tiraremos a força para resistir, com o poder do Senhor, em todas as adversidades.  

 Tempos difíceis exigem medidas especiais e oxalá nos encontrem bem preparados! 

 Antes de encerrarmos a meditação de hoje, façamos uma breve retrospectiva das etapas que percorremos até agora no nosso itinerário quaresmal:  

  

O chamado à conversão. 

O jejum. 

Fazer tudo com o olhar fixo no Senhor. 

Serenidade nas adversidades. 

Rejeitar as tentações em nome do Senhor. 

As obras de misericórdia. 

A Palavra de Deus. 

A Penitência. 

A Purificação do templo exterior e interior.  

A luta contra os vícios: gula, luxúria, avareza, ira, tristeza, acídia, vanglória e soberba.  

As virtudes, a começar pela fortaleza e a prudência.  

Um ritmo habitual de oração. 

A purificação passiva. 

A graça sacramental.  

A fidelidade à Tradição.  

Ouvir os profetas, com referência especial às mensagens proféticas que recebemos do céu. 

A contemplação e a oração de recolhimento.  

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Meditação sobre a leitura do dia: http://es.elijamission.net/2022/03/30/ 

Meditação sobre o evangelho do dia: http://es.elijamission.net/2021/03/17/ 

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