No meio do Advento, uma luz brilhante brilha: é uma virgem sábia cujo único nome – e ainda mais seu testemunho – proclama o Senhor. Ela é Santa Luzia, a “portadora da luz”. Ela foi uma daquelas virgens maravilhosas que deram sua vida por Cristo sem hesitar. Como Santa Ágata, Santa Inês, Santa Catarina de Alexandria e tantas outras, Luzia foi desposada por um único homem: Cristo. Essa santa também tem a honra de ser mencionada todos os dias no cânon da Santa Missa.
Luzia nasceu e cresceu em uma família nobre e rica em Siracusa. Seu pai morreu quando ela tinha apenas 5 anos de idade. Sua mãe queria casá-la com um jovem pagão. No entanto, o amor de Luzia por Jesus já era tão grande que ela queria pertencer somente a Ele. Por isso, ela adiava cada vez mais o noivado. Quando sua mãe adoeceu gravemente, ela fez uma peregrinação com Luzia ao túmulo de Santa Ágata. E, de fato, lá ela foi curada de sua doença. Enquanto estava no túmulo da santa, Luzia teve um sonho no qual ouviu a voz de Ágata lhe dizendo as seguintes palavras
SANTA ÁGATA: Minha irmã, virgem piedosa, por que vós me pedis algo que vós mesma podeis obter? Vossa fé já ajudou sua mãe; ela foi curada. Mas vós deveis saber que, assim como a cidade de Catânia foi glorificada por Cristo através de mim, a cidade de Siracusa será honrada por meio de vós, pois, com vosso voto de virgindade, vós preparastes uma morada nupcial em vosso coração para o Senhor Jesus.
Radiante com a cura de sua mãe, Luzia percebeu que era o momento certo para contar o segredo de sua promessa a Jesus.
LUZIA: “Querida mãe, peço-lhe que não me fale mais de um marido terreno, nem espere frutos mortais de meu ventre, pois Cristo é meu noivo. O que você me daria como dote para um marido terreno, dê-me para me desposar com meu Senhor Jesus.”
EUTIQUIA: “Tudo o que seu falecido pai lhe deixou como herança, eu guardei e até aumentei. Você sabe o que eu possuo. Espere até minha morte e então disponha de sua herança como achar melhor.”
LUZIA: “Ó mãe, não fale assim. Não agrada a Deus quem dá, após a morte, aquilo que não pode mais tomar ou desfrutar. Portanto, dê a Deus o que é seu enquanto você viver; dê a Ele o que você prometeu me dar.”
Sua mãe atendeu ao seu desejo e Luzia doou todo o seu dote aos pobres. Quando o jovem com quem ela haveria de se casar soube que havia perdido Luzia e sua considerável fortuna, ele a denunciou ao prefeito Pascácios por ser cristã e por desprezar os deuses. O prefeito então exigiu que ela oferecesse sacrifícios aos deuses.
LUZIA: “O sacrifício puro e irrepreensível diante de Deus, o Pai, é este: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção deste mundo” (Tiago 1,27). Há três anos não faço nada além de oferecer sacrifícios ao Deus vivo. Como agora não tenho mais nada a oferecer, eu me entrego como sacrifício a Deus; que Ele faça com esse sacrifício o que Lhe é agradável!
PREFEITO PASCASIANO: “Obedeça aos imperadores e sacrifique aos deuses!”
LUZIA: “Vós olhais para a ordem dos imperadores, mas eu olho para a Lei de Deus. Vós temeis o imperador; eu temo a Deus. Vós não quereis irritar o imperador; eu não quero irritar meu Deus. Vós quereis agradar ao imperador; eu quero agradar ao meu Deus. Faça, portanto, o que vos parecer bom; eu, de minha parte, farei o que servir à minha salvação.”
O interrogatório continuou por um longo tempo, até que Luzia falou do Espírito Santo e disse ao prefeito:
LUZIA: “Quem vive casto e puro é um Templo do Espírito Santo”.
Então Pascácios ameaçou levá-la a um bordel, para que o Espírito Santo se afastasse dela. Mas Luzia respondeu:
LUZIA: “O corpo não se torna impuro enquanto você não consentir com sua vontade. Portanto, mesmo que você pretenda tirar minha pureza pela força, não pode coagir minha vontade a consentir. Assim, eu receberei uma recompensa dupla por minha pureza virginal.”
O prefeito Pascácios ficou furioso, mas seus capangas não conseguiram tirar Luzia do lugar. De acordo com a “Legenda Áurea”, em sua fúria cega, o prefeito mandou chamar mil homens e bois para levá-la a um bordel. Mas ninguém foi capaz de mover a donzela, tampouco os feiticeiros que haviam sido chamados para esse fim.
Outros milagres também são relatados sobre como Luzia superou a tortura e fortaleceu os cristãos, até que finalmente uma espada foi cravada em seu pescoço. Mesmo assim, ela não morreu imediatamente, mas permaneceu viva até que um sacerdote lhe trouxe a Sagrada Comunhão, o Corpo do Senhor.
Em nossos dias, também precisamos da coragem de permanecer fiéis à santa fé e de não negar Cristo em nenhuma circunstância. Os mártires não fizeram concessões, nem recuos, nem relativizações… Seu exemplo os mantém para sempre no alto, como aqueles que, com a graça de Deus, lutaram a nobre luta e foram vitoriosos (cf. 2Tm 4,7). É impossível deixar de lado o exemplo que eles nos deixaram, pois neles o próprio Senhor brilha.
Mas eles não são apenas um modelo a ser seguido; eles também são nossos irmãos no céu, que estão sempre prontos para ajudar os fracos. Certamente, o martírio sangrento não está previsto para todas as pessoas, mas todos os que seguem sinceramente o Senhor são chamados a permanecer fiéis a ele até a morte (Ap 2,10), cada um no lugar em que Deus o colocou.
Santa Luzia se entregou ao Senhor quando ainda era muito jovem, distribuiu sua riqueza aos pobres e demonstrou seu amor por Jesus até a morte.
Rogai por nós, Santa Luzia, para que a luz do Senhor também brilhe em nossas vidas e para que nunca o neguemos.
Com tal força o Espírito Santo a sustentou que a virgem de Cristo permaneceu inamovível.