O pequeno rebanho

Lc 12,32-34 

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Não tenhas medo, pequeno rebanho, pois agradou ao vosso Pai dar-vos o Reino. Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que nunca se acabe, aonde não chega o ladrão, nem a traça corrói. Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” 

 

De acordo com o calendário do Novus Ordo, São Francisco de Paula é celebrado no dia 2 de abril, e a Igreja escolheu este Evangelho que acabamos de ouvir para sua memória. Esse santo nasceu em 27 de março de 1416 em uma família pobre de Paula, uma pequena cidade da Calábria, no reino de Nápoles. Recebeu o nome de Francisco porque seus piedosos pais haviam recorrido à intercessão de São Francisco de Assis para obter a graça de um filho. Os pais prometeram colocar o filho em um convento franciscano por um ano e cumpriram a promessa quando ele tinha treze anos de idade.  

Já nessa idade, o menino demonstrava uma forte piedade ascética. Tendo terminado seu tempo no convento franciscano, tornou-se eremita aos 15 anos de idade, com o consentimento de seus pais. Na solidão, o garoto começou a levar uma vida austera como a dos antigos padres do deserto. Ele dormia em uma pedra e se alimentava apenas de ervas e raízes que colhia ou recebia de pessoas bondosas. Ele havia passado quatro anos em total solidão e austeridade rigorosa, quando dois homens piedosos se juntaram a ele, querendo compartilhar sua vida de penitência.  

Assim que a notícia sobre a vida de doação desses eremitas se espalhou entre os habitantes da região, eles se apressaram em construir celas e uma pequena capela para eles. Um padre da paróquia onde estavam hospedados começou a celebrar a Santa Missa para eles, a ouvir suas confissões e a administrar a Sagrada Comunhão.  

À medida que mais e mais pessoas se juntavam a eles, São Francisco de Paula fundou a “Ordem dos Mínimos”, também conhecida como Paulinos. Ele adotou a regra de São Francisco de Assis. Além dos três votos habituais, ele acrescentou um quarto: abster-se de toda carne e produtos de origem animal. 

A Ordem começou a se espalhar. Numerosos milagres foram atribuídos a São Francisco de Paula, e até sua velhice ele cuidou das várias fundações que surgiram para a glória de Deus. 

Vemos, então, que repetidas vezes nosso Senhor levanta santos, chamados a proclamar uma mensagem ao mundo e a refletir a presença de Deus de uma maneira especial. Assim, a preocupação de nosso Pai Celestial com as pessoas que ele deseja conduzir ao seu Reino se torna palpável. A luz que emanava de São Francisco de Paula alcançou muitas pessoas. Embora ele tivesse gostado de passar sua vida como eremita, em silêncio e a sós com o Senhor, ele seguiu a orientação de Deus, que queria colocar essa luz no alqueire para iluminar muitos (Mt 5,15) e levá-los de volta à Casa do Pai.  

No Evangelho da memória desse santo, o Senhor fala de um “pequeno rebanho”. Ele se refere àqueles que o seguem de todo o coração e estão prontos para se entregar completamente a ele e responder a ele sem reservas. Nem todos são chamados a fazer isso à maneira de São Francisco de Paula; no entanto, os santos são sempre uma exortação para que nos perguntemos se também estamos dispostos a “vender tudo” para adquirir aquele tesouro imaculado que está seguro no céu. Sabemos que, no final das contas, as boas obras são a única coisa que levaremos conosco. 

Nos tempos atuais, marcados por grande confusão e apostasia – até mesmo dentro da Igreja – o “pequeno rebanho” certamente se refere àqueles que permanecem fiéis ao Senhor mesmo em meio à escuridão, sem se deixarem enganar. Isso requer a coragem da fé que caracterizou os santos de nossa Igreja. Não é fácil nadar contra a maré; não é fácil hoje chamar o pecado pelo seu nome, em um mundo no qual a consciência do pecado está desaparecendo cada vez mais e no qual até mesmo o assassinato de crianças inocentes, como aconteceu recentemente na França, a “filha primogênita da Igreja”, está sendo elevado ao status de “direito humano”. Não é fácil perseverar quando a firme adesão aos mandamentos de Deus e à sagrada Tradição da Igreja é rotulada como rigorismo. Não é fácil ver como o espírito anticristão se espalha entre as nações e envenena os povos.  

É exatamente nesses momentos que somos chamados a fazer a “nobre profissão” de nossa fé (cf. 1Tm 6,12), sem nos afastarmos. Foi o Senhor ressuscitado, a quem a morte não pôde deter, que enviou seus discípulos para conduzir as pessoas de volta ao Pai Celestial. Não importa quão pequeno seja o rebanho, a ele foi dado o Reino, desde que permaneça fiel Àquele que o ama.  

Precisamos do fervor e da resposta incondicional daqueles que a Igreja nos apresenta como santos. Eles não são apenas modelos, são “aliados” que nos ajudam a ser luz em meio a um mundo no qual as “dores de parto” apocalípticas já estão se manifestando. Eles estão do lado do “pequeno rebanho” para que ele possa assumir a responsabilidade espiritual e interceder por aqueles que se desviaram.  

OBSERVAÇÃO: Se alguém preferir ouvir uma meditação correspondente à leitura e ao evangelho da terça-feira da oitava da Páscoa, pode encontrá-la nos links a seguir: 

Meditação sobre a leitura do dia: http://es.elijamission.net/autenticas-conversiones/#more-8339 

Meditação sobre o Evangelho do dia: http://es.elijamission.net/jesus-se-aparece-a-maria-magdalena-3/#more-11135 

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