Continuamos hoje com o nosso itinerário quaresmal na luta contra os vícios, que faz parte da via purgativa. Nesta ocasião, nos concentraremos no vício da “tristitia”, quer dizer, tristeza.
A luta contra a tristeza
“Afasta para longe a tristeza”, diz o sábio Ben Sirac, “porque a tristeza matou a muitos e nela não há utilidade alguma.” (Sir 30:23)
“Se o Filho lhes der liberdade, vocês serão livres de fato”. (Jo 8,36).
Somente Deus pode nos dar a verdadeira liberdade, pois ela consiste em viver de acordo com Sua vontade, correspondendo assim ao plano de amor pelo qual Ele nos criou. Muitas vezes, as pessoas acreditam que a liberdade consiste em fazer tudo o que se deseja e, por isso, caem em muitas dependências.
O Pai ama a simplicidade. No Evangelho, ouvimos como Jesus se alegra com isso: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e dos prudentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim te pareceu bem”. (Lc 10,21).
Simplicidade não significa falta de inteligência; significa simplicidade de coração.
Continuando com o tema da luta contra os vícios, hoje falaremos da avareza e da ira.
A luta contra a avareza
João Cassiano assinala que este vício deveria ser mais fácil de combater porque o seu objeto não está enraizado na nossa natureza. No entanto, se damos espaço à avareza, então, segundo Cassiano, ela se torna um vício ainda mais perigoso do que os outros e difícil de se livrar.
“Considero impossível que o amor se contente em permanecer preso em um só lugar”. (Santa Teresa de Ávila).
Certamente, todos nós conhecemos o maravilhoso “Hino à Caridade” de São Paulo, que conclui: “A caridade nunca acaba” (1 Cor 13,8).
Hoje chegamos ao décimo primeiro dia da nossa jornada quaresmal, preparando-nos ao longo destes quarenta dias para a grande Festa da Ressurreição do Senhor. Hoje continuaremos a desenvolver o tema da luta contra os vícios. Mas antes de entrarmos no tema, façamos uma breve recordação das etapas que percorremos até aqui:
Marcados com a cruz de cinzas, ouvimos o chamado à conversão e embarcamos nessa jornada santa ao longo da Quaresma e até o início da Semana Santa.
“Para aqueles que amam a Deus, Ele transforma tudo em bem. Até mesmo seus desvios e erros Deus transforma em bem para eles” (Santo Agostinho de Hipona).
Provavelmente em nenhum outro momento encontramos com mais força a onipotência amorosa de nosso Pai do que no perdão de nossos pecados. Ele se volta para nós, homens, com Sua grande misericórdia, para nos chamar à conversão, para nos chamar de volta para casa… A hora da graça está próxima; as portas do Coração de Deus estão escancaradas.